sábado, 27 de dezembro de 2008

Sim é possível!


































A propósito da mensagem alternativa de Natal, de Jerónimo de Sousa, o blogista Joshua escreve o seguinte post que traduz o mal-estar de muitos portugueses relativamente ao pântano PS/PSD:

"Durante muitos anos, vi no PCP a linha avançada de uma tirania
falida, um colonialismo ideológico provindo da longínqua Moskwa,
completamente inviável no mundo e em Portugal.
Hoje, inesperadamente, perante a traição grosseira praticada pelo PS
de esse grande iletrado do espírito, esse fruto do aparelho de todas as máfias-PS,
esse ignorante falsariamente 'ingenheiro', mas também pelo cancro de interesses
alojados no cerne do Estado de que vive e mendiga também o PSD,
percebo e percebe uma esmagadora maioria de cidadãos
que é urgente dar um sinal inesquecível ao País Político:
esse sinal é votar maciçamente à Esquerda de este PS Unívoco e Fascista-em-Actos,
votar em massa. Não por adesão ideológica, não por convicção partidária,
mas porque a Corrupção, o Abuso e o Desrespeito do Bloco Central de Interesses
pelos cidadãos, o esbulho, a miséria e o desemprego cavados compromentem
a continuidade de Portugal, comprometem o nosso timbre pacífico,
atiram-nos para as margens da rebelião e do caos mais ferozes.
lkj
Cada vez que o PM abre a boca, insulta-nos.
Cada vez que se declara socialmente sensível pratica um inteiro insulto desabrido.
Nunca o Povo Português foi tão explorado, desprezado e esmagado. Nunca!
Este PS da Patorra Informe sobre toda a Economia e os Media todos é um cancro
insulta-nos e cospe-nos por existir tal como existe, esmagador e incontestável.
Como descrever o fastio de suportar um Lello, um Vitalino, um Vitorino, um ASS?!
É penoso até ao limite da figadeira: a Besta não é o PCP.
A Besta, a grande Besta lesiva e esmifrante de Portugal, já não é o PCP. Já não é."

sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

quinta-feira, 25 de dezembro de 2008

Solidariedade natalícia!


Belang van Limburg, de 50 anos, solteiro e pai de dois filhos, ganhou 7,5 milhões de euros no sorteio do Euromilhões de 12 de Dezembro.

Porém, anunciou que vai doar metade desse dinheiro ao centro de ajuda social da sua área de residência para auxiliar os mais pobres, pois ele próprio já passou por dificuldades financeiras no passado.

Trata-se de um gesto generoso, de verdadeira solidariedade e de compreensão para a com a adversidade do outro, que condiz com a época que vivemos.

Demonstrando além disso absoluta confiança numa instituição pública para fazer bom uso desse dinheiro ao serviço dos mais pobres  - ao contrário do que por cá se apregoa...

quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

domingo, 21 de dezembro de 2008

Promiscuidade política



















"A regulação falhou. É o que todos dizem, menos os reguladores. Convinha saber por que falhou a regulação. Os vigaristas têm meios mais sofisticados. Os reguladores, a justiça e as polícias estão atrasados. Estas são as razões superficiais. Mas há outras. Os reguladores e os políticos conhecem intimamente os especuladores e os predadores. Não só se conhecem, como se estimam e convivem. Têm mesmo, simultânea ou sucessivamente, interesses comuns. O triângulo formado pelos políticos, os reguladores e os especuladores constitui um percurso pessoal que muitos fazem airosamente nas suas carreiras. Muitos políticos e muitos reguladores consideram que os predadores e os especuladores têm o direito de se entregar às suas actividades, de operar no mercado livre, de ter sucesso e de vencer nos negócios. Se é verdade que houve Estado a menos, também é certo que Estado a mais não é a resposta. Pois o Estado é... os políticos!" 


                                                                     António Barreto, Jacarandá

terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Carta da Amizade e da Esperança

Há muitos anos, na minha terra, uma vila do norte de Portugal… Ia contar-vos a história de uma mulher ainda jovem que cantava quando tinha fome. Cantava, e uma mulher que tinha muitos filhos trazia-lhe uma malga de caldo e pão. Vivia numa casa erguida sobre uma fraga, a jovem que cantava quando tinha fome.

Ainda hoje a ouço, quando penso nos direitos à vida, ao trabalho, ao lazer e à cultura. É o meu ponto de partida, para escutar as vozes de quem sofre, de quem não tem trabalho, não tem hospitais, centros de saúde, escolas, casas de cultura e espaços para a prática desportiva.

Em Portugal, essas faltas e a destruição do que existe desde a Revolução de 25 de Abril de 1974 aprofundaram-se. O governo do Partido Socialista restringe e retira direitos concretos, alarga o desemprego, destrói a nossa economia, a identidade e o futuro do nosso país e do nosso povo. Fazem tudo isso enquanto falam de “direitos humanos” para outros países; absolutizam, em abstracto, a questão das liberdades; vão longe, muito longe, na confusão de conceitos, e esquecem o que é essencial e possibilita a afirmação e a realização de quem trabalha, de quem ama a sua terra, de quem quer ser feliz e vê a vida quotidiana instabilizada e mais insegura.

É esta injustiça milenar e a paralisia do desenvolvimento social, económico e cultural que nos levam a lutar pelo futuro. E o futuro constrói-se enfrentando o sistema capitalista e a crise financeira e estrutural que advém da chamada “economia de casino” a que chegou. Também em Portugal, ministros e ex-ministros do Partido Socialista e do Partido Social Democrata, as principais forças nos governos desde os golpes mais profundos na Revolução de Abril, bem como outros comparsas, ergueram fortunas através de leis permissivas, de privatizações de bancos e empresas, de especulações bolsistas e da corrupção generalizada.

Não há outro caminho para a realização humana que não seja esse passo enorme da ultrapassagem do capitalismo e a construção do socialismo. E, nesta superação que se impõe, entra a ética admirável do homem e da mulher que pensam sempre no bem-estar de todos, na construção de mais trabalho, mais emprego, maior envolvimento das comunidades, das classes trabalhadoras, das populações, na conquista da felicidade a que temos direito.

Igualdade, fraternidade e liberdade de agirmos em colectivo, na individualidade de cada um de nós, na criatividade e na ética que nos fazem sentir mais humanos e mais próximos da beleza e do gosto de viver. Parecem direitos tão simples e tão próximos, e, no entanto, no sistema capitalista, na injustiça e na violência em que vivemos, na Europa e em Portugal, tudo isso tem de ser conquistado contra os governos, contra órgãos de soberania que obedecem aos interesses dos altos poderes financeiros nacionais e internacionais.

Por isso, quando pensamos em Cuba e noutros países que vão lá mais à frente, na caminhada para uma sociedade liberta da exploração do homem pelo homem, não podemos deixar de pensar em José Marti, em Fidel, em Che Guevara e em todos os que se elevaram na prática revolucionária, em todos vós, os que constroem um país que amamos e que acompanhamos na solidariedade internacionalista e na luta pela libertação dos cinco heróis presos nos Estados Unidos da América e pelo fim do campo de concentração em Guatánamo.

A Declaração Universal dos Direitos do Homem não são apenas aqueles trinta artigos proclamados pelas Nações Unidas em 10 de Dezembro de1948. São todas as conquistas da humanidade que saíram do sangue e do sofrimento dos homens e das mulheres que se bateram durante séculos e todos os dias se batem pela dignidade de erguerem um mundo melhor, de justiça, de paz e de desenvolvimento igual para todos.

Por isso estamos convosco, com o povo cubano, no exemplo que nos dão e na força que, todos juntos, temos nas mãos e no cérebro para cantarmos o fim da opressão e da exploração, para elevarmos o mundo a outros destinos, de alegria e de reencontro com o que verdadeiramente somos e queremos ser, humanos, simplesmente humanos, abertos à vida e à coragem de estarmos vivos e solidários, enfrentando as dificuldades com a força e a dignidade que nos exige o tempo histórico que atravessamos.

© 1999-2006. «PRAVDA.Ru». No acto de reproduzir nossos materiais na íntegra ou em parte, deve fazer referência à PRAVDA.Ru As opiniões e pontos de vista dos autores nem sempre coincidem com os dos editores.

domingo, 7 de dezembro de 2008

De Um Europeu Para Outro





























Os homens europeus descem sobre Marrocos com a missão de recrutar mulheres. 
Nas cidades, vilas e aldeias é afixado o convite e as mulheres apresentam-se no local da selecção. Inscrevem-se, são chamadas e inspeccionadas como cavalos ou gado nas feiras.

Peso, altura, medidas, dentes e cabelo, e qualidades genéricas como força, balanço, resistência. São escolhidas a dedo, porque são muitas concorrentes para poucas vagas. Mais ou menos cinco mil são apuradas em vinte e cinco mil. A selecção é impiedosa e enquanto as escolhidas respiram de alívio, as recusadas choram e arrepelam-se e queixam-se da vida. Uma foi recusada porque era muito alta e muito larga.

São todas jovens, com menos de 40 anos e com filhos pequenos. Se tiverem mais de 50 anos são demasiado velhas e se não tiverem filhos são demasiado perigosas. As mulheres escolhidas são embarcadas e descem por sua vez sobre o Sul de Espanha, para a apanha de morangos. É uma actividade pesada, muitas horas de labuta para um salário diário de 35 euros. As mulheres têm casa e comida, e trabalham de sol a sol.

É assim durante meses, seis meses máximo, ao abrigo do que a Europa farta e saciada que vimos reunida em Lisboa chama Programa de Trabalhadores Convidados. São convidadas apenas as mulheres novas com filhos pequenos, porque essas, por causa dos filhos, não fugirão nem tentarão ficar na Europa. 
As estufas de morangos de Huelva e Almería, em Espanha, escolheram-nas porque elas são prisioneiras e reféns da família quedeixaram para trás. 

Na Espanha socialista, este programa de recrutamento tão imaginativo, que faz lembrar as pesagens e apreciações a olho dos atributos físicos dos escravos africanos no tempo da escravatura, olhos, cabelos, dentes, unhas, toca a trabalhar, quem dá mais, é considerado pioneiro e chamam-lhe programa de 'emigração ética'.

Os nomes que os europeus arranjam para as suas patifarias e para
sossegar as consciências são um modelo. Emigração ética, dizem eles.

Os homens são os empregadores. Dantes, os homens eram contratados para este trabalho. Eram tão poucos os que regressavam a África e tantos os que ficavam sem papéis na Europa que alguém se lembrou deste truque de recrutar mulheres para a apanha do morango. Com menos de 40 anos e filhos pequenos.

As que partem ficam tristes de deixar o marido e os filhos, as que ficam tristes ficam por terem sido recusadas. A culpa de não poderem ganhar o sustento pesa-lhes sobre a cabeça. Nas famílias alargadas dos marroquinos, a sogra e a mãe e as irmãs substituem a mãe mas, para os filhos, a separação constitui uma crueldade. E para as mães também. O recrutamento fez deslizar a responsabilidade de ganhar a vida e o pão dos ombros dos homens, desempregados perenes, para os das mulheres, impondo-lhes uma humilhação e uma privação.

Para os marroquinos, árabes ou berberes, a selecção e a separação são ofensivas, e engolem a raiva em silêncio. Da Europa, e de Espanha, nem bom vento nem bom casamento. A separação faz com que muitas mulheres encontrem no regresso uma rival nos amores do marido.

Que esta história se passe no século XXI e que achemos isto normal, nós europeus, é que parece pouco saudável. A Europa, ou os burocratas europeus que vimos nos Jerónimos tratados como animais de luxo, com os seus carrões de vidros fumados, os seus motoristas, as suas secretárias, os seus conselheiros e assessores, as suas legiões de servos, mais os banquetes e concertos, interlúdios e viagens, cartões de crédito e milhas de passageiros frequentes, perdeu, perderam, a vergonha e a ética. Quem trata assim as
mulheres dos outros jamais trataria assim as suas.

Os construtores da Europa, com as canetas de prata que assinam tratados e declarações em cenários de ouro, com a prosápia de vencedores, chamam à nova escravatura das mulheres do Magreb'emigração ética'. Damos às mulheres 'uma oportunidade', dizem eles. E quem se preocupa com os filhos?

Gostariam os europeus de separar os filhos deles das mães durante seis meses? Recrutariam os europeus mães dinamarquesas ou suecas, alemãs ou inglesas, portuguesas ou espanholas, para irem durante seis meses apanhar morango? Não. O método de recrutamento seria considerado vil, uma infâmia social. Psicólogos e institutos, organizações e ministérios levantar-se-iam contra a prática desumana e vozes e comunicados levantariam a questão da separação das mães dos filhos numa fase crucial da infância. 
Blá, blá, blá. O processo de selecção seria considerado indigno de uma democracia ocidental. O pior é que as democracias ocidentais tratam muito bem de si mesmas e muito mal dos outros, apesar de querem exportar o modelo e estarem muito preocupadas com os direitos humanos. 
Como é possível fazermos isto às mulheres? Como é possível instituir uma separação entre trabalhadoras válidas, olhos, dentes, unhas, cabelo, e inválidas?

Alguns dos filhos destas mulheres lembrar-se-ão.

Alguns dos filhos destas mulheres serão recrutados pelo Islão.

Esta Europa que presume de humana e humanista com o sr. Barroso à frente, às vezes mete nojo.



Clara Ferreira Alves