sábado, 27 de dezembro de 2008
Sim é possível!
sexta-feira, 26 de dezembro de 2008
quinta-feira, 25 de dezembro de 2008
Solidariedade natalícia!
quarta-feira, 24 de dezembro de 2008
domingo, 21 de dezembro de 2008
Promiscuidade política
terça-feira, 16 de dezembro de 2008
Carta da Amizade e da Esperança
domingo, 7 de dezembro de 2008
De Um Europeu Para Outro
domingo, 23 de novembro de 2008
FMI esmaga Islândia
Milhares de pessoas manifestaram-se neste sábado, 22, em Reykjavik, capital da Islândia, contra o acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI), uma vez que vai destruir o sistema de bem-estar social do país.
Após o protesto, perto de 200 dos 6 mil manifestantes foram para o centro da cidade para exigir a liberação de um companheiro preso na sexta-feira, tendo entrado Os manifestantes em confronto com a polícia.
"O FMI esmaga a educação, o bem-estar, o sistema de saúde e a democracia", dizia um panfleto distribuído durante a manifestação, que ocorreu três dias depois que o FMI aprovou um empréstimo de US$ 2,1 bilhões para a Islândia. O fundo é freqüentemente criticado por impor condições drásticas a países, que enfrentam dificuldades financeiras.
A Islândia tornou-se o primeiro país da Europa Ocidental a ser socorrido pelo FMI desde 1976, quando o Reino Unido tomou um empréstimo. Desde há seis semanas que os islandeses realizam protestos aos sábados, e pedem novas eleições e um novo governo.
"Protestos pacíficos são feitos em tempos de paz, mas a Constituição e a democracia estão sob ataque", disse Katrin, estudante de direito, que acusa o governo de ter transformado a Islândia no país mais endividado do mundo.
sábado, 22 de novembro de 2008
Manifestação da Função Pública
quinta-feira, 20 de novembro de 2008
Bancos
«I believe that banking institutions are more dangerous to our liberties than standing armies. If the American people ever allow private banks to control the issue of their currency, first by inflation, then by deflation, the banks and corporations that will grow up around the banks will deprive the people of all property until their children wake up homeless on the continent their fathers conquered.»
terça-feira, 11 de novembro de 2008
A LUTA FINAL
Por António Barreto
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ESTADO E SOCIALISMO não são sinónimos. Há quem esqueça esta banalidade, mas é por vezes preciso lembrar. Não são. Pode haver, há Estado, muito Estado, até Estado a mais, sem socialismo. O que não há é Socialismo sem Estado. Até mesmo sem Estado a mais. Nas crises actuais do sistema financeiro e nas que ainda aí vêm, incluindo as económicas, uma palavra tem servido de receita miraculosa: o Estado! Primeiro, como fiscal e regulador; depois como juiz e polícia; agora como proprietário e accionista. A esquerda delira de entusiasmo. Falhou o regulador. Vai falhar o juiz e o polícia, pois os ricos escapam sempre. Sobra o Estado proprietário. É a grande oportunidade. Talvez se consiga, pensam uns, construir o socialismo, à socapa, sem luta de classes e sem revoluções. Grandes esperanças!
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Nos anos noventa, com o fim do comunismo e da União Soviética, os socialistas julgaram que tinham ganho. “Enfim, sós!”, suspiraram. Sem ninguém à esquerda, sem ameaças de ditadura da mesma família política, respiraram aliviados. Nunca perceberam que, com o fim do comunismo, morriam também um pouco. E mudavam de natureza. Os socialistas desistiram dos seus combates seculares, das suas razões genéticas de vida e de luta. Apesar da existência de variantes, sempre lutaram por mais Estado, a ponto de, frequentemente, serem condescendentes com a violência, o abuso de poder e a violação de direitos fundamentais. Quando o fim último é o Estado e as esperanças que nele depositam, os socialistas e outros companheiros de esquerda hesitam pouco. Para um socialista de gema, o Estado tem sempre razão.
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Além do Estado, o outro princípio primordial era a propriedade. Os socialistas perfilhavam vários conceitos, desde a propriedade dos meios de produção à nacionalização dos sectores estratégicos da economia. Dado que a propriedade era o alicerce do capitalismo, o seu derrube exigia a expropriação e a nacionalização. Estado e propriedade eram os factores essenciais do movimento socialista. Tal como os comunistas, viveram décadas com a certeza de que a sociedade sem classes e o progresso dependiam da destruição das classes proprietárias e do estabelecimento da propriedade dos meios de produção pelo Estado. A Constituição portuguesa de 1976, da autoria de ambos, preconizava “a apropriação colectiva dos principais meios de produção e solos, bem como dos recursos naturais”!
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As duas últimas décadas viram transformarem-se os credos socialistas. E sobretudo a sua acção. Converteram-se ao mercado, mesmo se algumas vezes só em aparência e por cinismo eleitoral. Gradualmente, passaram a considerar a iniciativa privada como essencial. Tomaram a dianteira ou ajudaram a desnacionalizar as economias e a reprivatizar as empresas. Contribuíram para emagrecer o Estado. Colaboraram com os capitalistas, as grandes multinacionais e os grupos económicos. Uns limitaram-se a executar essas políticas, outros converteram-se mesmo pessoalmente. A propriedade deixou de ser o factor divisor das classes e das políticas. A iniciativa privada e o mercado deixaram de ser fronteiras. A luta das classes deixou de ser o motor da História. Os socialistas passaram a desejar ser eficientes, produtivos e responsáveis. Depois de terem mostrado a sua incapacidade, até para gerir um carro eléctrico, começaram a ser ou a aspirar ser bons gestores. E a retirar, do capitalismo, o melhor possível. O Estado nacional, um pouco, e o Estado europeu em construção, muito, continuam a ser credo e crença, mas domesticados agora pela boa gestão dos negócios e pela competitividade.
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A crise económica e financeira deste ano trouxe nova alegria aos socialistas. Era a derrota do capitalismo, gemeram. Depois da do comunismo, a vitória parecia total. Ouvem-se pessoas, lêem-se textos que não escondem a jovialidade com que olham para “a crise”, ainda por cima americana. “Estava-se a ver”, “era inevitável”, “tiveram o que mereciam”: eis tons das suas recentes cantilenas. Os mais brutos chegam a pensar que talvez seja esta a maneira de construir o socialismo. Mas a maioria já só pensa em salvar o capitalismo. Na sua megalomania, querem mesmo “refundar o capitalismo”. Com o Estado e os socialistas, pois claro.
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Liberais, conservadores, populares, social-democratas, socialistas e trabalhistas estão unidos num propósito: salvar o capitalismo! Na sua quase totalidade, é isso mesmo que querem fazer. Sem cinismo. Do lado das esquerdas, é possível que haja algum sentido da oportunidade: sob a capa do salvamento do capitalismo, entra o Estado. Entra e fica! Mesmo para esses, a ideia de construir o socialismo é absolutamente utópica e risível. Também querem salvar o antigo inimigo. Só que, se puderem ficar no cockpit ou pelo menos partilhar a torre de controlo, ficam felizes. Com o Estado e o capitalismo, pois claro!
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Os socialistas louvam o Estado, murmuram de contentamento com as nacionalizações americanas, as de Gordon Brown, as portuguesas que vêm a caminho e as espanholas prometidas. Os socialistas já não estão convencidos de que esta crise é a do fim do capitalismo e a da vitória do socialismo. É a vitória do Estado, em qualquer caso. Não perceberam é que se trata da derrota final do socialismo. Já não é alternativo. Já não tem modelos a defender. Os socialistas interessam-se agora pela vida privada dos cidadãos, por causas culturais e pelos costumes. Casamento e divórcio, aborto e adopção, eutanásia e suicídio, homossexualidade e droga são as causas dos socialistas e de muitas esquerdas. A derrota dos socialistas é a que os transforma, não em coveiros, mas em curandeiros do capitalismo, em ajudantes dos que querem refundar o capitalismo, em decoradores que lhe querem dar um rosto humano. Uma espécie de serviço de assistência, de garagem ou de cuidados intensivos do capitalismo. Se existe uma derrota final, é bem esta.
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«Retrato da Semana» - «Público» de 9 de Novembro de 2008
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sábado, 25 de outubro de 2008
Chamem o estado!
Após a queda da URSS, os “profetas” ultraliberais proclamaram o fim da história, e a consequente instauração da democracia e do mercado em todo o mundo, e prescreveram ao estado o papel de mero regulador da actividade económica.
domingo, 7 de setembro de 2008
A DEMOCRACIA E A ACÇÃO COLECTIVA NO CAMPO DA SAÚDE
O presente artigo procura contribuir para o encontro das causas, processos e dinâmicas sociais fundamentais que resultaram nos protestos verificados um pouco por todo o país contra o encerramento de Maternidades, Serviços de Urgências, alteração dos horários dos SAP’s, ou outras mudanças organizacionais no Serviço Nacional de Saúde (SNS).
A análise que aqui é apresentada pretende focar-se na relação entre acção institucional e acção colectiva, ou seja, entre a governação, os domínios institucionais da sua actuação, o desempenho dos actores colectivos nos campos profissional da saúde e político, até à formação das identidades colectivas e quadros de interacção actuantes no plano das mobilizações locais.
As populações respondem aos apelos das autarquias afectadas pelas mudanças. Depois das posições tomadas pelas instituições políticas locais (Câmara Municipal, Assembleia Municipal e Assembleias de Freguesia), rapidamente são organizadas formas colectivas de mobilização e manifestação. O principal apoio logístico parte das Câmaras Municipais, mas os protestos extravasam a acção institucional autárquica.
Câmaras Municipais e movimentos de cidadãos marcam encontros com a população, incitando-os a protestar, fazem comunicados à imprensa, e estão nos “directos das televisões”. São criadas várias Comissões de Utentes. Autarquias e Movimentos Cívicos criam “blogs” e campanhas na internet, promovem iniciativas que incluem "spots" radiofónicos, "outdoors" espalhados pela cidade e o envio de mensagens de correio electrónico; ou no plano legal-jurídico, interpõem providências cautelares contra o encerramento dos serviços de saúde (que são alvo sistemático de recurso por parte do Ministério da Saúde).
Verificaram-se protestos em cerca de sessenta e seis cidades portuguesas. Algumas manifestações atingem mais de cinco mil pessoas como são os casos dos protestos de Chaves, Mirandela, Vendas Novas, Barcelos, Valença, Vila Pouca de Aguiar e Arcos de Valdevez.
A introdução de reformas na Saúde por parte da Governação em Portugal insere-se num determinado contexto económico, político e social do País, fortemente condicionado pelos objectivos de equílbrio orçamental e de redução do défice público.
O encerramento dos Serviços de Atendimento Permanente nocturnos, a reconversão das Sub-Regiões em Agrupamentos de Centros de Saúde, e, sobretudo, a criação de Unidades de Saúde Familiar, visam a criação e consolidação de novas realidades institucionais no sistema de saúde nacional.
No conflito à volta dos movimentos de saúde verificados um pouco por todo o país, assiste-se a uma «tensão manifesta» entre a legitimidade técnico-científica emanada da governação e instituições de saúde e os interesses sociais das populações envolvidas e mobilizadas.
A Reforma em curso coloca novos e múltiplos desafios ao Sistema Nacional de Saúde e à cultura das organizações de saúde. Novos actores e agentes institucionais reposicionam as suas funções e atribuições profissionais. Assim sucede com a classe médica e restantes profissionais de saúde, bem como com outras instituições e organizações como o INEM e Bombeiros.
As dinâmicas da acção colectiva dos movimentos de saúde revestem-se de três momentos fundamentais: as relações institucionais entre os actores mais directamente envolvidos (entre a Governação, Ministério da Saúde e Autarquias); a disputa entre legitimidades de actuação colectiva no campo político e mediático; e a mobilização colectiva de âmbito local.
A “pressão” da mobilização colectiva local, o encerramento de serviços sem a criação de novas condições, o defraudar de expectativas, e a mudança de locais de Serviços de Urgência Básicos (SUB) sem justificações de carácter técnico, fazem aumentar as críticas de manipulação política e de aproveitamento político-partidário dos relatórios produzidos pelas Comissões Técnicas.
A luta política local e nacional encontrava no encerramento de serviços de saúde um tema de confronto e conflito político, capaz de integrar uma determinada aspiração no funcionamento do sistema político e de alcançar níveis perfomativos de mobilização política.
A identidade colectiva dos movimentos de saúde implicou dois níveis interligados de envolvimento: um mais directamente local; e um segundo nível, directamente interligado com o primeiro, de pregnância social nacional e formulações ideológicas sobre as opções políticas concretas na área da saúde.
E em concomitância, os movimentos de saúde tomaram duas faces de uma mesma identidade colectiva: uma identidade populista e uma identidade de projecto. Ou seja, verificou-se o emergir e transposição de identidades regionais e locais, de cariz popular. Num certo sentido, estes movimentos assumiram um Efeito Nimby.
As posições do Ministério da Saúde de encerrar todos os SAP que não atendam, em média, um mínimo de 10 utentes no período da madrugada, ou o escasso número de partos realizados pelas Maternidades a encerrar, o cálculo das distâncias a percorrer, ou o modo alternativo de socorro via ambulância, são incompreensíveis para os protagonistas das acções colectivas desencadeadas.
A argumentação discursiva e simbólica dos movimentos e populações passou pelo recurso ao texto da Constituição, pela crítica às supostas atitudes economicistas do Governo, pelas consequências nefastas da interioridade e subdesenvolvimento (económico e social) do Concelho ou Região, e à falta de diálogo e discussão democrática dos interesses das populações que estão em causa.
As relações sociais e políticas são inerentemente feitas de tensões e contradições sociais, assumindo estas um carácter mais visível e concreto nas conflitos sociais produzidos pelas sociedades. A democracia é sinónimo de liberdade, igualdade, justiça e direitos sociais. Neste início de século e milénio, constata-se as fragilidades e limitações do modelo de democracia representativa. Desenvolvem-se os apelos para uma democracia participativa e directa, onde os trabalhadores e cidadãos vejam reforçados as suas capacidades de intervenção e mudança social e política. As lutas sociais sempre tiveram uma importância decisiva na história e tal se verifica actualmente, sobretudo na Europa e América Latina.
É este príncipio democrático que encontramos não só nos movimentos de utentes dos serviços de saúde contra a empresarialização do direito universal à saúde, mas também nas lutas dos professores e na defesa da escola pública, como nas lutas dos pescadores, cada vez mais uma classe profissional em grande risco de pobreza, ainda na Administração Pública, nos trabalhadores que lutam contra a deslocalização das suas empresas, ou contra o aumento dos preços dos combustíveis.
Viva a DEMOCRACIA!
terça-feira, 22 de julho de 2008
Renovar as esquerdas?
a) a tradição republicada e socialista do PS, apesar de oprimida e marginalizada hoje no partido – quando não a sofrer uma fase de auto censura induzida por um clima de medos e formas mais ou menos subtis de coacção –, não desapareceu. Há vozes que se ouvem a espaços, há silêncios que se acumulam, há sentimentos de indignação calados pela necessidade do momento. Mas tudo isto pode mudar, a curto ou médio prazo, em especial se se acentuarem as tendências de quebra eleitoral do PS;
b) as sensibilidades renovadoras do PC que se demarcaram da ortodoxia (e que se curaram do trauma soviético) sem abdicar de uma procura utópica alternativa, no respeito pelos valores democráticos, podem dar um contributo inestimável para abrir novos caminhos de esquerda;
c) o campo do sindicalismo, que tem resistido com vigor à cultura anti-sindical e combatido com bons argumentos a nova legislação laboral, irá sem dúvida protagonizar novas acções, evidenciando a centralidade do trabalho para uma sociedade coesa e sustentável. Os líderes sindicais ou pelo menos alguns deles são referências incontornáveis de uma esquerda que recupere e actualize a perspectiva humanista e emancipatória do trabalho e a defesa do novo proletariado emergente;
d) e finalmente, o Bloco de Esquerda cuja cultura de contra-poder aliada a uma expectativa de crescimento aconselha a uma redefinição identitária que supere os velhos dogmas e estimule alternativas (viáveis em democracia), permitindo maior sintonia de linguagens com as restantes correntes de esquerda. Além disso, a ligação do BE a novos movimentos sociais e sectores associativos mais jovens constituem um enriquecimento acrescido para uma esquerda renovada."
Elísio Estanque, BoaSociedade.
domingo, 20 de julho de 2008
UM MINISTRO OUSADO!
Francisco Van Zeller comenta ainda que “os governos de direita são mais tímidos no que respeita a relações de trabalho, enquanto os de esquerda são mais ousados”.
É DE CORAR DE VERGONHA!
domingo, 29 de junho de 2008
A Democracia e as Lutas Sociais
Retraduzindo este ideal utópico, podemos afirmar que as relações sociais e políticas são inerentemente feitas de tensões e contradições sociais, assumindo estas um carácter mais visível e concreto nas conflitos sociais produzidos pelas sociedades.
A democracia é sinónimo de liberdade, igualdade, justiça e direitos sociais.
Neste início de século e milénio, constata-se as fragilidades e limitações do modelo de democracia representativa.
Desenvolvem-se os apelos para uma democracia participativa e directa, onde os trabalhadores e cidadãos vejam reforçados as suas capacidades de intervenção e mudança social e política.
As lutas sociais e revoluções sempre tiveram uma importância decisiva na história e tal se verifica actualmente, sobretudo na Europa e América Latina.
Quanto ao povo português, este tem mantido igualmente bem vivo os ideais de Abril. As lutas laborais, afinal, continuam a assumir uma grande centralidade, como o atestam os milhares e milhares de trabalhadores que ao longos dos últimos anos nas várias manifestações convocadas pela CGTP, procuram ser respeitados na melhoria das suas condições de vida, pelo direito a uma vida melhor, no combate às desigualdades sociais, contra o desemprego, pelo direito à protecção social e desenvolvimento do país.
É este príncipio democrático que encontramos também nas lutas dos professores e na defesa da escola pública, como nas lutas dos pescadores, cada vez mais uma classe profissional em grande risco de pobreza, ainda na Administração Pública, nos trabalhadores que lutam contra a deslocalização das suas empresas, nos movimentos de utentes dos serviços de saúde contra a empresarialização do direito universal à saúde, ou contra o aumento dos preços dos combustíveis.
O capitalismo selvagem tem-nos ofertado com a guerra, a degradação generalizada das condições económicas, a insustentabilidade ambiental, a desumanização da sociedade e a miséria de milhões que morrem de fomem todos os anos.
Com o capitalismo actual o mundo não tem pulado e avançado.
sexta-feira, 27 de junho de 2008
Che Guevara
"¿Cuál es la mejor manera de conmemorar los ochenta años del Che? Creo que el mejor regalo sería ver a las nuevas generaciones creyendo y luchando por otro mundo posible, donde la solidaridad sea hábito, no virtud; la práctica de la justicia una exigencia ética; el socialismo el nombre político del amor. ¡ Construir un mundo sin degradación ambiental, hambre y desigualdad social!" - Frei Betto, Teólogo Brasilheiro
terça-feira, 10 de junho de 2008
Comece a ler sobre Marx,acabe a falar sobre Marx
Estive, há tempos, num congresso em Braga onde assisti a uma palestra de Adela Cortina, filósofa espanhola, especialista em Ética.
Houve uma frase dela que mereceu longos e vibrantes aplausos: dizia que a existência de pobres no mundo seria sempre uma derrota para a Economia como ciência, uma derrota dos economistas.
Por outras palavras: a pobreza está para a Economia como uma ponte mal construída para a engenharia civil ou o Manuel Luís Goucha para a testosterona.
Quando a prestigiada filósofa disse aquilo lembrei-me logo de Marx. Não enquanto economista derrotado mas enquanto economista esquecido.
Marx foi um grande economista e um razoável filósofo. Mesmo que na sua principal obra, O Capital, tenha abandonado a linguagem filosófica do "jovem Marx", dificilmente imaginamos a crítica marxista ao modo de produção capitalista, sem uma referência ética e política por detrás.
20 anos depois da queda do muro de Berlim, é chegada à altura de ressuscitar o grande intelectual alemão. Antes, teria sido difícil por causa do pesadelo do "socialismo real". Dizia-se "Marx" e atiravam-nos logo com a Albânia e a Roménia como ovos podres, mais os milhões de vítimas da construção de um mundo novo na URSS, na China ou no Camboja.
Hoje, já sem esses pesadelos que faziam o nosso mundo liberal e capitalista parecer um Eldorado social e político, poderemos voltar novamente a concentrarmo-nos nos nossos próprios pesadelos nos quais a Economia funciona independente da política, onde o dinheiro, a finança, o capital, se sobrepõem a todos os valores.
Daí ter gostado, há dias, de ouvir Sérgio Ribeiro falar de Marx durante um debate económico. Porque voltar a falar de Marx significa voltar a colocar a política, a ideologia, a ética, como motores de toda a discussão.
Eu acho muito piada ver economistas a falar de economia. Divirto-me sempre imenso. Claro que depois não aguento e acabo sempre por adormecer. Parecem engenheiros mecânicos a falar sobre a linha de montagem de uma fábrica. O seu mundo é um mundo neutro, objectivo, com leis próprias. Falam do Mercado como um biólogo fala da natureza ou Rui Santos do 4x4x2.
Obviamente que a política nunca se fez sem a economia. Mas nunca, como hoje, se fez tanta economia sem a velha política. É este ciclo que urge inverter.
Claro que já não se pode ser marxista como se era há 30 anos, do mesmo modo que nem a Catherine Deneuve nem o Benfica são os mesmos de há 30 anos. Nada mesmo é como há 30 anos: Amália morreu, Carlos Lopes engordou, Maria Barroso converteu-se ao cristianismo e eu próprio também já não me sinto lá muito bem.
Já não há mais virgindades para perder, conhecemos bem os erros da História, as cegueiras ideológicas. Aliás, vivemos mesmo num tempo onde os "ismos", enquanto visões globais do mundo, não se conseguem aguentar. Aliás, hoje, pouca coisa no mundo se consegue aguentar , excepto os pobres de sempre.
Quando Adela Cortina, perante a existência da fome, da pobreza, da miséria, falava de uma derrota da Economia, não era bem de uma derrota da Economia que devia ter falado. A derrota é sempre da política, pois a economia é sempre política e, por muito científica que queira ser e parecer, tem sempre a marca da ideologia.
Claro que a Economia está cheia de fórmulas, de leis, de causas e efeitos, de fenómenos previsíveis. Há fenómenos económicos que só cientificamente poderão ser compreendidos e estudados.
Mas, em última instância, as grandes decisões económicas remetem sempre para questões morais e existenciais. Meter o dinheiro a ditar as suas próprias leis em Estados politicamente frágeis e amorais, significa entregar os seres humanos às suas próprias fraquezas e vícios.
O bezerro de ouro não dá para todos. E Marx, que era judeu, sabia isso melhor que ninguém.
domingo, 8 de junho de 2008
A Reforma Agrária
Vivemos tempos estranhos e difíceis, de tal forma que era impensável há alguns anos o Vaticano, através do Conselho Pontifício Justiça e Paz (CPJP), defender "a reforma agrária e o favorecimento das populações rurais como parte da solução para a actual crise alimentar."
Pois, “a questão da reforma agrária nos países em via de desenvolvimento não pode ser descurada, para que se confira a propriedade da terra aos cidadãos e se favoreça assim o uso de milhares de hectares de terra cultivável”.
Uma vez que “a crise alimentar ameaça a realização do direito primário de cada pessoa a estar livre da fome”.
E “não se pode pensar em diminuir a quantidade de produtos agrícolas destinados ao mercado de alimentos, ou às reservas de emergência, a favor de outros fins que, mesmo se pertinentes, não satisfazem um direito fundamental como o da alimentação”.
Mas, como escreve, Esther Vivas, na Adital "apesar da crise, as principais companhias de sementes, Monsanto, DuPont e Syngenta, reconheceram um aumento crescente de seus lucros e o mesmo ocorreu com as principais indústrias de fertilizantes químicos. As maiores empresas processadoras de alimentos como Nestlé ou Unilever também anunciam um aumento em seus lucros, embora abaixo das que controlam os primeiros trechos da cadeia. Do mesmo modo, as grandes distribuidoras de alimentos como Wal-Mart, Tesco ou Carrefour afirmam seguir aumentando seus lucros".
Por isso, talvez fosse bom voltar a ouvir uma velha canção:
A desalambrar
(Daniel Viglietti)
Yo pregunto a los presentes
si no se han puesto a pensar
que esta tierra es de nosotros
y no del que tenga mas.
Yo pregunto si en la tierra
nunca habra pensado usted
que si las manos son nuestras
es nuestro lo que nos den.
A desalambrar, a desalambrar!
que la tierra es nuestra,
tuya y de aquel,
de Pedro, Maria, de Juan y Jose.
Si molesto con mi canto
a alguien que no quiera oir
le aseguro que es un gringo
o un dueño de este pais.
A desalambrar, a desalambrar!
que la tierra es nuestra,
tuya y de aquel,
de Pedro, Maria, de Juan y Jose.
sábado, 24 de maio de 2008
A actualidade de uma filosofia da acção
No final da década de oitenta do século passado, quando frequentava o 12º ano, na disciplina de filosofia, era obrigatório ler o “Manifesto do Partido Comunista de K. Marx e F. Engels, de 1848”.
Para mim, educado no contexto do catolicismo tradicional, ler tal obra constituía um desafio.
Após ter procurado em todas as livrarias da terra, constatei que o livro se encontrava esgotado, pelo que contei o sucedido ao professor da referida disciplina, que me aconselhou a adquirí-lo na sede do PCP, na Rua da Carreira...
Foi assim com um sentimento de transgressão que me decidi a lá entrar e a comprar este livro, que li de enfiada, e que me marcou indelevelmente.
Ao folheá-lo novamente me dei conta que era Primeira Tradução Portuguesa do “Manifesto do Partido Comunista”, de Vasco Magalhães-Vilhena, Lisboa, de Março de 1975.
Por isso, nesta data que se comemoram os 160 anos da publicação desta obra, foi uma oportunidade de relê-la com outra maturidade e experiência de vida.
Como diz François Houtart, marxista católico e sociólogo belga, "para alguns, alguém começa a usar a análise marxista e acaba, evidentemente, em ateísmo. Para mim, isso é totalmente falso porque o marxismo é um método de análise e também de acção, e é o melhor tipo de análise que temos no momento para explicar a dinâmica social e a estrutura de classes".
Por ter vivido num contexto de grandes transformações sociais e políticas ( Revolução Francesa, Revolução Industrial, etc.), e ter feito estudos aprofundados no campo da filosofia, da história, do direito, e da economia política ( Adam Smith, David Ricardo, etc.), Marx intuiu e formulou conceitos fundamentais,que mantêm plena actualidade, e podem e devem ser lidos à luz da nossa realidade histórica actual.
1)A luta de classes.
“Homem livre e escravo, patrício e plebeu, senhor e servo, mestre de corporação e
oficial, numa palavra, opressores e oprimidos, em constante oposição, têm vivido numa guerra ininterrupta, ora franca, ora disfarçada, uma guerra que termina sempre, ou por uma transformação revolucionária da sociedade inteira, ou pela destruição das classes em luta.”
2)A burguesia
“A burguesia despojou de sua auréola todas as atividades até então reputadas veneráveis e encaradas com piedoso respeito. Do médico, do jurista, do sacerdote, do poeta, do sábio fez seus servidores assalariados. A burguesia rasgou o véu do sentimentalismo que envolvia as relações de família e reduziu-as a simples relações monetárias.”
3)O Proletariado
“A classe dos operários modernos, que só podem viver se encontrarem trabalho e que só o encontram na medida em que este aumenta o capital. Esses operários,constrangidos a vender-se diariamente, são mercadoria, artigo de comércio como qualquer outro; em conseqüência, estão sujeitos a todas as vicissitudes da concorrência, a todas as flutuações do mercado.”
4) Capital e Trabalho
A condição essencial da existência e da supremacia da classe burguesa é a acumulação da riqueza nas mãos dos particulares, a formação e o crescimento do capital; a condição de existência do capital é o trabalho assalariado. Ser capitalista significa ocupar não somente uma posição pessoal, mas também uma posição social na produção. O capital é um produto coletivo: só pode ser posto em movimento pelos esforços combinados de muitos membros da sociedade, e mesmo, em última instância, pelos esforços combinados de todos os membros da sociedade. O capital não é, pois, uma força pessoal; é uma força social.
6) A Família e Educação
“As declamações burguesas sobre a família e a educação, sobre os doces laços que unem a criança aos pais, tornam-se cada vez mais repugnantes à medida que a grande indústria destrói todos os laços familiares do proletário e transforma as crianças em simples objetos de comércio, em simples instrumentos de trabalho. (...)Para o burguês, sua mulher nada mais é que um instrumento de produção. (...) Nossos burgueses, não contentes em ter à sua disposição as mulheres e as filhas dos proletários, sem falar da prostituição oficial, têm singular prazer em cornearem-se uns aos outros. O casamento burguês é, na realidade, a comunidade das mulheres casadas.”
8) A Ideologia e a Consciência Individual
“Será preciso grande perspicácia para compreender que as idéias, as noções e as concepções,numa palavra, que a consciência do homem se modifica com toda mudança sobrevinda em suas condições de vida, em suas relações sociais, em sua existência social? Que demonstra a história das idéias senão que a produção intelectual se transforma com a produção material? As idéias dominantes de uma época sempre foram as idéias da classe dominante.(...)Quando o mundo antigo declinava, as velhas religiões foram vencidas pela religião cristã; quando, no século XVIII, as idéias cristãs cederam lugar às idéias racionalistas, a sociedade feudal travava sua batalha decisiva contra a burguesia então revolucionária. As idéias de liberdade religiosa e de liberdade de consciência não fizeram mais que proclamar o império da livre concorrência no domínio do conhecimento.”
9) O Partido
“Os comunistas apoiam em toda parte qualquer movimento revolucionário contra o estado de coisa social e político existente. Em todos estes movimentos, põem em primeiro lugar, como questão fundamental, a questão da propriedade, qualquer que seja a forma, mais ou menos desenvolvida, de que esta se revista. Finalmente, os comunistas trabalham pela união e entendimento dos partidos democráticos de todos os países.
10) Aplicação prática e circunstâncias históricas concretas
Karl Marx e Friedrich Engels, escreviam em Londres, a 24 de Junho de 1872, no prefácio à edição alemã do Manifesto:
“ Embora a situação se tenha alterado nos últimos vinte e cinco anos, os princípios gerais desenvolvidos neste Manifesto ainda hoje, no seu todo, conservam a sua plena a justeza.(...)A aplicação prática destes princípios, como o próprio Manifesto torna claro, dependerá sempre e em toda a parte das circunstâncias históricas concretas(...)Face ao imenso desenvolvimento da grande indústria nos últimos vinte e cinco anos e, a par dele, ao progresso na organização do partido da classe operária, face às experiências práticas, primeiro da Revolução de Fevereiro, e muito mais ainda da Comuna de Paris – na qual pela primeira vez o proletariado deteve o poder político pela primeira vez-, este programa está hoje,num passo ou noutro, obsoleto. A Comuna forneceu a prova de que a classe operária não pode limitar-se a tomar conta da máquina de Estado que encontra montada e a pô-la em funcionamento para atingir os seus objectivos próprios.”
quinta-feira, 22 de maio de 2008
Muhammad Yunus: crítica ao sistema bancário mundial
"No caso dos subprimes (crédito hipotecário), a crise é inerente ao funcionamento do mundo financeiro e bancário.
Os próprios princípios de crédito, as garantias exigidas, os prêmios de risco que são faturados em detrimento das pessoas menos solvíveis revelaram o quanto este sistema não sabe emprestar para os pobres.
A culpa disso, portanto, é dos bancos em primeiro lugar.
Eles emprestaram muito dinheiro, multiplicando as falsas promessas.
Eles se mostraram muito agressivos com a sua propaganda para vender essas hipotecas.
Eles apresentavam às pessoas ofertas fantásticas, garantiam que os mais modestos poderiam reembolsar no longo prazo.
De fato, os créditos acabaram ficando mais e mais pesados.
Esta é a lógica do sistema financeiro.
Os pobres devem ser colocados sob pressão para reembolsarem.
No Grameen Bank, nós fazemos o inverso.
Nós não pedimos nenhuma garantia para emprestar dinheiro.
Nós não estrangulamos as pessoas praticando taxas exorbitantes.
Nós invertemos o próprio princípio do crédito.
No nosso estabelecimento, quanto menos dinheiro você tem, mais vocês é interessante para nós.
Se você não tiver um tostão sequer, então você se torna prioritário.
E isso funciona!
A nossa taxa de reembolso é superior a 95%, pode comparar!"
II)
"Considerar o homem apenas como um ser em busca de um pagamento me parece uma concepção demasiadamente estreita do humano. É uma forma de escravidão."
III)
"Atualmente, nos países desenvolvidos, cada criança trabalha duro na escola para obter um bom trabalho. Ou seja, um bom salário. Uma vez adulto, ele ou ela trabalhará para alguém, se tornará dependente dele. Ora, o ser humano não nasceu para servir um outro ser humano."
"O problema central do capitalismo ''unidimensional'' é que ele dá espaços apenas para uma única maneira de atuar: faturar lucros imediatos. Por que não integrar a dimensão social na teoria econômica? Por que não construir companhias que tenham como objetivos pagar decentemente seus assalariados e melhorar a situação social em vez de procurarem fazer com que dirigentes e acionistas obtenham apenas lucros?"
domingo, 11 de maio de 2008
A fome e morte de milhões convive bem com a escandalosa riqueza de poucos!
Hoje a produção mundial alimentar serviria perfeitamente para que nenhum ser humano morresse à fome.
Mas muitos morrem e estão irremediavelmente condenados à miséria, ou à pobreza.
E o Banco Mundial avisa que os preços dos bens essenciais irá aumentar durante os próximos 7 anos.
Será que não teremos nada a ver com tudo isto?
Será que os nossos representantes políticos com presença nas instituições internacionais não serão co-responsáveis por este estado de coisas?
Os nossos filhos e netos que virão atrás de nós culpar-nos-ão por toda esta barbaridade civilizacional que constitui o capitalismo !
NN
quinta-feira, 1 de maio de 2008
Os ricos que paguem a crise!
Em todo o mundo os trabalhadores manifestaram-se, neste Dia Internacional do Trabalhador, como se pode ver pela impressionante fotogaleria do Expresso.
Em todo o lado, perante o cenário de crise actual(subida exponencial do barril de crude e carência de cereais), cresce a preocupação com o dia de amanhã.
Por isso, tal como em Espanha, exigimos:
"que los trabajadores no paguen 'los platos rotos' de la crisis económica con la moderación de los salarios, tras la "bacanal" de los beneficios rápidos".
E avisamos:
"a los empresarios de que no piensan aceptar que 'se socialicen las pérdidas' económicas que se avecinan cuando durante los años de bonanza el empleo que se ha creado es de poca calidad y poco estable".
Link
JA
Democracia justa, solidária e com direitos
Hoje a palavra democracia serve para legitimar uma série de injustiças.
Todos somos democratas, mas dizem-nos que as greves são inúteis!
Todos somos democratas, mas dizem-nos que o desemprego é uma inevitabilidade!
Todos somos democratas, mas o mercado tem que ser completamente livre para que haja crescimento económico!
Mas nesta democracia apregoada pelos bem instalados senhores da política e pelos que povoam a comunicação social com os seus comentários "objectivos"(?), será que realmente sentimos a vida e problemas dos Homens e Mulheres que nos rodeiam?
Sem Democracia Económica não é possível haver Democracia, uma democracia justa, solidária e que procure colocar os direitos sociais ao serviço da liberdade de escolha de cada um.
Um abraço para todos os verdadeiros democratas neste 1º de Maio.
NN